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quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Olímpio Ferreira 1967-2007

Olá Olimpio

Lembro-me de ti sempre que afino esta minha voz inafinável.
Ensinaste-me a procurar a nota na alma quando eu sempre pensei que ela estava no ouvido...

«Foi a saudade do teu braço
e o olhar que já da luz me dói
trabalhei sem dar p´lo cansaço
horas extraordinárias, foi
um dia que passou num furacão
um furacão que se amainou, só
quando, aparte o amor
eu me vi só
atirando amoeda ao ar
diz-me que cara ou coroa
eu vou ganhar
diz-me quanto eu fiz bem
em me apostar
e que bem fiz em ter por necessárias
as horas extraordinárias..»

Lembro-me desta música trauteada entre copos de Maio à porta de um chá que era um baile. Éramos tão novos. Estávamos na RUC.

«...E assim que volto ao meu lugar
reencontro com dor e com prazer
o coração que fiz falar
à máquina de escrever, a ver
ela a dar corda à máquina de amar
e um coração a se amainar, só
quando aparte o amor
eu me vi só
atirando amoeda ao ar
diz-me que cara ou coroa
eu vou ganhar
diz-me quanto eu fiz bem
em me apostar
e que bem fiz em ter por necessárias

Hoje sonhei que morria e disseram-me que morreste tu. Foda-se!