Devo muito à RUC. Mais do que ao banco. E devo muito ao banco.
As dívidas são como as memórias só desaparecem quando se apagam। Por isso conto continuar a dever. E estas palavras não devem ser entendidas como uma amortização. São apenas juros. Esta dívida deve ficar intacta para sempre.
A pedido, neste ano em que a RUC faz 20 anos, aproveito a ocasião para fazer umas contas.
As primeiras vão para os novos homens e mulheres da RUC. Os que já não conheço. Os que provam que as instituições são sempre melhores e maiores do que quem as circunstancialmente habita e vive. A RUC é maior que a vida porque é maior que os homens.
As outras todos para os que comigo viveram a RUC, para aqueles que nessa altura, há muitos anos, tal como eu vivíamos os dias mágicos das nossas vidas, a nossa juventude, aquilo a que agora chamamos: o nosso tempo.
A RUC e Associação Académica eram, penso que hoje ainda serão, uma colmeia gigantesca. Um enxame de fugitivos à procura de mais vida que aquela que universidade dava.
Havia músicos, havia cantores, havia muitos desportistas, havia políticos, havia cábulas, havia fotógrafos, havia bêbados. Havia espadachins baixos, haviam desafios, liberdade, mas sobretudo éramos todos novos e havia sonhos.
No meio de tudo, no piso 3 da colmeia louca, havia o som da música, o significado das palavras todas e aí, havíamos nós, os gloriosos malucos das máquinas falantes - «you gentleman have heard this young lady,…. Há coisas que só se ouvem aqui»!!
A vida passa num ai. Ai. E foram vinte anos.