Páginas

sexta-feira, 23 de março de 2012

Manifesto pai


pai diogoQuero que declarem feriado o dia do pai. Ainda que seja só durante um ano e mesmo que logo a seguir o Miguel Relvas o mandasse abolir por causa da crise. Já valia a pena.
Reclamo que esse feriado seja simultaneamente laico e religioso. E que o conflito gerado com essa singularidade inviabilize a sua posterior revogação.
Reivindico que, pelo menos durante 24 horas, exista um direito alienável a que os pais  sejam crianças outra vez. E façam ginástica como as meninas e joguem futebol com os rapazes sem se cansarem nem terem dores nas costas.
Desejo que eles nunca cresçam e que a sua infância seja eterna com a mesma força com quero que cresçam felizes, livres e sem temores.
Demando “outra” lei especial, dos Homens, mas sobretudo do bom senso, que impeça que o poder da norma se sobreponha à responsabilidade e ao amor.
Requeiro poder recordar mais tarde aqueles sorrisos, de todos os dias em que os acordei de manhã e os adormeci à noite sem o sentimento torpe de que tudo se acaba na quarta feira.
Lamento todos os sorrisos que perdi. Por não estar, por não ter podido estar e por ter sido impedido. Isso sim devia ser abolido.
Peço que sejam descontados ao meu carro cada um dos os cem mil quilómetros, percorridos só para os ver. Porque é muito injusto que  alguma coisa se desvalorize por amor.
Solicito, com caráter de urgência que, nas salas de estar de todas as casas, mas sobretudo nos quartos deles, este manifesto seja afixado dentro de molduras cor de rosa e verdes. E depois parvas e radicais. Depois saudosas, depois eternas.
Exijo que nas descobertas da botânica, àquela flor incansável, ainda por descobrir, que irradia calor no inverno, refresca tudo no verão e cresce na primavera e no outono, se possa chamar pai.
Por último, e mais necessário do que tudo isto, anseio que todos as palavras deste manifesto de apliquem, pela força de amor, às mães.